domingo, 31 de julho de 2016

A cultura, a religião e a devoção na ilha de Bali

Agora que levantei o véu sobre os encantos da Indonésia, preparem-se. Só agora estamos a começar.

A Indonésia não fica só do outro lado do mundo. Lá vamos descobrir uma cultura e uma forma de viver completamente diferente da europeia.
Na Indonésia há liberdade, espaço e respeito pelas diferentes religiões, no entanto, a constituição Indonésia apenas reconhece 6 religiões que devem constar na documentação pessoal de cada cidadão. 88% do povo indonésio é muçulmano. Incrivelmente, na ilha de Bali (a mais turística de todas), a religião dominante é a religião hindu.

Existe uma grande crença religiosa que torna a ilha de Bali tão mística, centrada na devoção hindu, na crença em espíritos, no respeito pela natureza (pelas grandes árvores e montanhas) e na reencarnação.
Ser agnóstico ou ateu é considerado ilegal pelo governo indonésio, sendo considerada uma ofensa aos espíritos divinos.


Os balineses são muito devotos. Essa devoção é notória pela quantidade de templos que estão construídos em todo o lado e, na forma como essa devoção é transmitida às gerações mais novas. É comum várias gerações de famílias ficarem a viver na mesma casa. Todas as crianças da família participam em silêncio nos rituais diários de oração e, aprendem a respeitar os elementos mais velhos da família.


Por vezes, dentro de um terreno familiar existem vários edifícios, onde residem diferentes gerações da família. Mas em cada casa, existe sempre um templo, que a família constrói com afinco, e que decora com tecidos em que a cor dominante é o amarelo, xadrez, vermelho e/ou o dourado, segundo eles para atrair boas energias e para chamar os antepassados que olham por eles.


Todos os dias reúnem-se junto ao templo para as suas orações, que são coordenadas pelo líder da família, geralmente o elemento mais velho. As mulheres tratam de guardar sempre um pouco da melhor parte das refeições da família para colocar no templo, bem como uma chávena de café, para alimentar os espíritos. 


Todos os dias, as mulheres da família esmeram-se em trocar as lindas flores que decoram os templos. Tenha cuidado para nunca pisar os enfeites decorativos de flores junto aos templos, isso é considerado uma ofensa para eles.

Fonte: https://www.google.pt/search?q=ilha+de+bali&biw=1366&bih=667&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwiS4bWmo57OAhWL7hoKHfsACRUQ_AUIBigB#tbm=isch&q=cestos+oferendas+bali&imgrc=l8x4LJ2HRBM3dM%3A

O cheiro a incenso é uma constante e é o cheiro que predomina em toda a ilha. O incenso é colocado nos templos para chamar os espíritos e purificar a alma.
Dificilmente vai conseguir aceder aos templos durante os momentos de oração. Esse momento é reservado para a comunidade praticante, em que se sentam no chão, com as pernas cruzadas e vão fazendo cânticos característicos.
É um ambiente cheio de misticismo, mágico, repleto de serenidade. Não tente invadir o espaço deles, pela mera curiosidade de estar presente na celebração. Observar de longe, ficar sentado e tentar incorporar as suas práticas pode ser um exercício muito enriquecedor e relaxante.


O povo de Bali também demonstra a sua devoção através da dança. Nos espetáculos de dança, cada coreografia conta uma história e lenda de dedicação aos deuses. São coreografias com os sons típicos locais (maioritariamente xilofones), tocados ao vivo, em que os dançarinos estão caracterizados com pinturas faciais expressivas e vestes deslumbrantes, enquanto fazem movimentos estonteantes com o corpo. Não perca este espetáculo de dança, conhecido como Legong e Barong Dance, no local mais carismático: o Palácio Real no centro de Ubud, na ilha de Bali. Pode comprar os bilhetes na rua, junto ao palácio real de Ubud. Tente negociar o preço e compre antecipadamente porque os lugares são limitados e esgotam rapidamente. O preço é irrisório para o espetáculo de magia que vai encher os seus olhos. Custam cerca de 80.000 rupias (€5,45).


Legong e Barong Dance
Fonte: http://www.esefossemospara.org/

Outro espetáculo de dança balinesa que não deve perder é a Kecak e Fire Dance. Trata-se de uma dança energética com sons poderosos interpretada por cerca de 50 homens da comunidade local, que emitem sons vocais em vez de música, com um espetáculo de fogo à mistura. 
O tema da dança é uma parte do Ramayana, o famoso poema hindu sobre o princípe Rama, que tenta salvar a sua esposa Sita do demónio Ravana. Não perca este espetáculo imperdível no Templo Uluwatu, no sul da ilha de Bali, às 18 horas (hora local) e deixe-se levar por esta performance magnífica, acompanhada pelo pôr-do-sol no mar, com vista para o templo. Uma experiência única. 
O bilhete pode ser comprado no local, custa cerca de 10€ (à parte do preço de entrada no recinto do Templo Uluwatu), mas também tem lugares limitados.



Kecak e Fire Dance


Numa das visitas que fiz ao interior, à zona mais rural da ilha de Bali, estes rituais religiosos são levados ainda mais a sério do que em meios mais urbanos (como por exemplo a cidade de Ubud).
Numa aldeia que pude visitar durante uma bike tour, pude reparar que todas as ruas estavam decoradas com os enfeites que podem ver nesta foto. 


Como se fosse um candeeiro em palha voltado para o chão. Perguntei o que significava e a explicação é divinal: 
"Tanto melhor é o líder que olha e se verga pelo seu povo".
Jamais esquecerei esta frase. Temos muito a aprender com a união e a devoção do povo balinês. De facto, todos eles cuidam uns dos outros e protegem-se.

O casamento não é imposto. Os jovens podem escolher o marido/esposa com quem sonham casar-se. Mas o casamento é uma celebração de alegria, que é para a vida inteira. Existem casos de divórcio, mas são muito raros. O povo de Bali encara o casamento como uma união para a vida e a família, como o mais importante valor a proteger. São unidos e cada elemento tem a sua função. O casamento celebra-se com uma romaria pelas ruas. Todos os habitantes da comunidade e da família saem à rua e seguem os noivos, com cânticos e presentes simbólicos, celebrando a união e a família.


Casamento numa aldeia da ilha de Bali

Para quem visitar a ilha de Bali, a roupa utilizada pelos balineses não vai ser indiferente. O povo desta ilha tem uma veste invulgar, o batik. 
O batik ou sarong é um tecido que usam em torno da cintura, de cores vivas, com estampagens artesanais em cera, com gravuras bastante invulgares. Os homens balineses vestem-se tradicionalmente com uma faixa em torno da cabeça em tecido, roupas largas e estampadas e um batik sobre a cintura. É obrigatório o uso de batik para a entrada em templos que estão abertos ao público. E atenção, os templos passíveis de serem visitados são raros. Um exemplo disso é o templo Uluwatu que fica no sul da ilha de Bali, onde irá ser convidado a vestir um batik (muito básico e simples perto do original que os balineses usam, mas o que conta é o simbolismo étnico).


Existem alguns tecidos à venda por toda a ilha, que imitam o batik na sua forma original. Não deixam de ser tecidos lindíssimos, com estampagens orientais maravilhosas. Aconselho a comprar no mercado no centro de Ubud que está aberto durante o dia. As lojas de rua cobram preços exorbitantes e a qualidade por vezes é muito inferior. Poderá negociar o preço e quantos mais trouxer, mais barato ficará. Mas tente sempre negociar o preço pela metade do valor que lhe pedirem na primeira abordagem. Na Indonésia, todas as compras têm de ser negociadas, até uma simples viagem de taxi ou a compra de uma excursão. Na minha opinião, esta é a parte desgastante das férias na Indonésia. Ter de regatear todo e qualquer serviço ou compra, ao fim de 13 dias de viagem é desesperante.
Mas graças a isso, consegui trazer na mala tecidos maravilhosos, para mim e para a família, que nunca mais encontrei um nenhum lugar, muito menos na Europa. É uma recordação inesquecível, típica e que por vezes, ainda traz aquele cheirinho a incenso que está por todo o lado nesta ilha.

Fonte: https://www.google.pt/search?q=mercado+ubud+venda+batik&biw=1242&bih=566&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwji7--AsZ7OAhVHPRQKHcdhD8wQ_AUIBigB#tbm=isch&q=venda+batik+marcado+ubud&imgrc=9nmHbiZORn8QJM%3A

Existem outras coisas que pode comprar em Bali, que não vai encontrar em mais nenhum lugar. 
As máscaras que são minuciosamente decoradas com brilhos e cores, alusivas aos Deuses que os protegem. 

Existem também muitos mercadinhos onde vendem bibelots, com os deuses hindus. Mas existe o Deus dos Deuses, que podem ver na foto abaixo. Existem imagens deste Deus por todo o lado, e costumam colocar gravuras dele na entrada das casas, como forma de proteção do lar e da família. Trouxe um exemplar para a minha casa e, também eu, de alguma forma, sinto que ele protege o meu lar e a minha família.

Lord Ganesha
Fonte: https://www.google.pt/search?q=deus+hindu+deus+dos+deuses&biw=1242&bih=566&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ved=0ahUKEwiP-aj6vp7OAhXCShQKHRXwBYsQsAQIMA#imgdii=gnnLqW5KbstIUM%3A%3BgnnLqW5KbstIUM%3A%3B5ev2_VK_JqFmCM%3A&imgrc=gnnLqW5KbstIUM%3A

Também pode comprar estatuetas alusivas aos Deuses para colocar o incenso, que têm por todo o lado. Tenha cuidado com o incenso que compra em Bali, não é fácil comprar incenso de boa qualidade. No meu caso tive uma desagradável surpresa quando cheguei a casa e experimentei. Cheirava quase só a fumo, e o cheirinho agradável que eu sentia a emanar dos templos, nem de longe nem de perto era o mesmo.
Os cestos de verga decorados com pinturas também são muito característicos desta ilha. É nestes cestos que as mulheres da comunidade levam as flores para agradecer aos deuses. Estes cestos existem em vários tamanhos e cores e, transportam-me logo para a memória do ritual de oração hindu da comunidade do templo de Tanah Lot. Ao final da tarde, perto do pôr-do-sol, os balineses daquela região dirigem-se para o templo (que só nos permitem ver por fora), carregando estes cestos de verga com flores, como forma de agradecimento aos deuses pela dádiva da vida. Um ritual divino que não vai querer perder.

Fonte: https://www.google.pt/search?q=mercado+ubud+venda+batik&biw=1242&bih=566&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwji7--AsZ7OAhVHPRQKHcdhD8wQ_AUIBigB#imgrc=FhK5mzKVlW4JcM%3A

Fonte: https://www.google.pt/search?q=mercado+ubud+venda+batik&biw=1242&bih=566&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwji7--AsZ7OAhVHPRQKHcdhD8wQ_AUIBigB#tbm=isch&q=ritual+tanah+lot&imgrc=aFCyf_lhpvSEuM%3A

Há muitas mais recordações características que pode trazer de Bali. Neste post tentei dar visibilidade aos principais rituais religiosos do povo da ilha de Bali e também, às recordações que pode trazer com maior ligação à cultura desta região tão mística.
Não perca o meu próximo post sobre o roteiro da minha viagem à Indonésia e, as dicas sobre a organização estratégica dos pontos principais a visitar nesta descoberta ao Oriente.
Se quiser partilhar a sua experiência e descobertas sobre a cultura e religião do povo de Bali, deixe o seu comentário e partilhe as imagens que captou na sua viagem, realizando um comentário a este post.
Juntos crescemos e aprendemos mais sobre o mundo.
Boas viagens :)

segunda-feira, 18 de julho de 2016

Descobrir a Indonésia... Quando, onde e como ir a partir da Europa

Ao escolher férias em Julho e, tendo determinado o Oriente como destino de férias em 2015, as opções de destinos recomendadas eram escassas. A Indonésia era uma delas.
A melhor época para viajar para a Indonésia é entre Junho e Outubro - os meses mais frescos e menos chuvosos. Fomos na primeira quinzena de Julho e não apanhamos um único dia de chuva.
A Indonésia é um país situado entre o sudeste asiático e a Austrália e é composto por mais de 17.000 ilhas. Algumas delas são bastante selvagens, outras muito direccionadas para o turismo como é o exemplo da ilha de Bali. A temperatura média anual varia entre os 24ºC (min.) e os 31ºC (max).
A Indonésia é um país vulcânico por natureza, com cerca de 150 vulcões ativos, incluindo o Krakatoa e o Tambora que tiveram efeitos devastadores durante o século XIX. É frequente a ocorrência de sismos (alguns hóteis já têm mesmo um plano e circuito sinalizado em caso de tsunami). No entanto, são precisamente as cinzas vulcânicas as responsáveis pela grande fertilidade do solo nas ilhas de Java e Bali.


Fonte: http://smartraveller.gov.au/Countries/asia/south-east/pages/indonesia.aspx#modal-country

Comecei a ler mais sobre a Indonésia e a curiosidade começou a crescer. 
As imagens dos arrozais, dos templos e a cultura completamente díspar da cultura portuguesa começou a fascinar-me. Queria ir ver com os meus olhos. Sentir os cheiros, os sabores que descreviam nos blogs que eu ia lendo.



Os preços dos circuitos pelas agências atingiam preços muito altos e não reuniam todos os locais que queria visitar e, que os blogs que ia lendo recomendavam. Para poupar algum dinheiro (no meu caso, a poupança foi de cerca de 1000€ por pessoa), muitos viajantes aconselhavam-me a marcar a viagem de forma independente porque seria perfeitamente fácil de o fazer. E acreditem que foi!
Marcamos a viagem através do site skyscanner.com. Coloquei alguns alertas de preço e quando a viagem baixou de preço, não hesitei e comprei. Custou cerca de 800€ (ida e volta) por pessoa. Poderia ter ficado mais barata se tivesse comprado mais cedo, mas tendo sido comprada a cerca de 3 meses foi o melhor preço possível.
No nosso caso tivemos um contratempo: o vulcão Raung entrou em erupção uma semana antes da nossa data de viagem, com emissão de cinzas, o que obrigou ao encerramento do aeroporto durante cerca de 48h. Todos os voos estavam a ser cancelados, foi o caos instalado em Bali. Isto a uma semana da viagem quase me fez ter um ataque cardíaco. Contactar o aeroporto de Denpasar foi uma tarefa impossível. As companhias aéreas nada podiam fazer, porque só no dia do voo poderiam saber se as condições climatéricas permitiriam que o voo se realizasse ou não. Felizmente, dois dias antes da viagem a situação normalizou e, o voo fez um desvio pela zona norte, o que nos permitiu chegar em segurança. Esta é a desvantagem de viajar para um país de origem vulcânica.

Fonte: http://viagem.uol.com.br/noticias/afp/2015/08/06/erupcao-vulcanica-fecha-novamente-aeroporto-de-bali.htm

A nossa viagem teve as seguintes escalas:
    - Porto - Madrid - voo operado pela Iberia - escala de 2h
    - Madrid - Doha (Qatar) - voo operado pela Qatar Airways - escala de 2h05m
    - Doha (Qatar) - Denpassar (Bali) - voo operado pela Qatar Airways

Felicidade na partida rumo ao Oriente.


Conselhos úteis na compra da viagem:
- Aterrar e partir do aeroporto de Denpasar na ilha de Bali - Ngurah Rai International Airport.
- Comparar preços nos motores de busca, como é o exemplo do skyscanner.com (costumo utilizar bastante, é fácil e permite colocar alertas que caem diariamente no nosso email).
- Comprar o bilhete desde a origem até ao destino todo junto (verificar se as ligações entre voos estão garantidas, para não ter de fazer check-in entre voos - geralmente as plataformas de venda mencionam caso as ligações entre voos não estejam garantidas). No nosso caso, compramos através da plataforma online da geostar - tinha o melhor preço.
- Verificar o tempo das escalas. Às vezes compensa pagar um pouco mais e não ficar retido muitas horas no aeroporto. A viagem para o outro lado do mundo já é demasiado longa e pode tornar-se entediante.
- Verificar se alguma das companhias é lowcost, se a bagagem de porão está incluída e quais os limites de peso que variam entre companhias).
- Verificar as condições da bagagem de mão (diferem entre companhias e as coimas podem ser um desagradável dissabor).
- Manter os objectos de valor e algumas peças de roupa indispensáveis na bagagem de mão. O percurso é longo, com escalas pelo meio e a probablidade de extravio da bagagem é uma realidade possível. Leve algumas distracções para a viagem.
- Considere a hipótese de fazer um seguro de viagem. Eu fiz. Custou 8€ por pessoa. Mas verifique sempre se as condições do seguro compensam.
-  Tente, se possível, no aeroporto de origem, pedir para se seja feito o check-in de bagagens e passageiros até ao destino final. No caso das bagagens é quase sempre garantido - as nossas bagagens embarcaram no Porto e só as voltei a ver em Bali. Os cartões de embarque de passageiros para lá só nos deram até Madrid, mas depois na porta de embarque em Madrid foram-nos entregues os restantes cartões de embarque. Assim, não tivemos de voltar a fazer check-in e poupamos bastante tempo.
- Envolva as bagagens de porão em película aderente de cozinha - é mais barato do que fazê-lo no aeroporto e vai proteger a mala de umas quantas mazelas, além de minimizar a possibilidade de mexerem na sua mala.
- Procure os pontos wifi nos aeroportos, quase sempre existe um tempo grátis de que pode usufruir. Vai ajudá-lo a passar o tempo de escala e a comunicar com o mundo.
- Recomendo bastante a Qatar Airways. As condições de conforto, alimentação e atendimento são óptimas. Têm uma diversidade enorme de filmes, séries, música e jogos para poder usufruir durante o voo, num monitor individual. Foi a melhor companhia em que viajei até hoje.
- Aproveite a viagem até ao outro lado do mundo com um sorriso... não é todos os dias que o podemos fazer!!!